Dei-me de corpo inteiro
A tudo que na vida fiz
Mesmo não sendo o primeiro
Sempre dei do que tinha
Aquilo que sempre quis
Dei amor que não foi meu
Pois que antes alguém mo deu
Carinhos que eu dei
E que em dobro recebi
Mas que ainda hoje não sei
Se esse amor que eu dei
E dentro de mim calado
Pois se dei e me foi dado
Se calhar não dei
Apenas foi emprestado
Dar não é assim
É tirar de dentro de mim
O que de mais belo tiver
Desprender-me do que mais gosto
Em favor de quem precisa
Sem que mo seja proposto
É dar-me por inteiro
E não esperar nada em troca
Não ser orgulhoso ao dar
Nem sequer sentir vaidade
Pois quem espera meu dar
Tem no espírito a esperança
E no corpo a necessidade
Assim gostaria de ser
Assim estou a aprender
E assim um dia serei
E tudo de mim darei
E então direi só para mim
Finalmente o que dou
Nasceu dentro de mim
António da Costa
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